Filho Único

 


A família é a única instituição social que permanece sólida ao longo de todo o processo de evolução histórica, entretanto, a dinâmica interna familiar e a maneira de educar os filhos mudou muito nas últimas décadas.


Famílias nucleares numerosas foram substituídas por famílias cada vez menores. Antigamente a função mais importante da mulher era ter e criar filhos e para isso contava com a orientação e ajuda da própria mãe, sogra, avó, tia e toda a linhagem feminina da família. Actualmente, as mulheres se inseriram no mercado de trabalho, já não contam com muitas ajudas e ambos os pais assumem o quotidiano da casa e o cuidar dos filhos. Mães e pais têm carreiras, ambições profissionais e a falta de ajuda objectiva para cuidar e os altos custos financeiros relativos à criação e à educação de uma criança, levam, cada vez mais, os casais à opção do “filho único”.


Nem sempre esta é uma decisão tranquila. Ainda existe o preconceito que uma criança precisa de irmão e os pais, ao escolherem ter só um filho, costumam conviver com sentimentos de culpa, julgam-se egoístas e procuram, muitas vezes, compensar o filho com mimos excessivos e superprotecção. Criança necessita de mimos e cuidados, mas o excesso e a superprotecção constituem um risco para o seu desenvolvimento e poderá levar a uma estruturação frágil da sua personalidade.


Para proporcionar ao filho um crescimento saudável, os pais devem estar atentos e impor limites na medida do necessário, com o cuidado para não satisfazer sempre todos os seus desejos, pois também é importante que o filho aprenda a lidar com a frustração.


O problema de um filho único crescer sem irmãos é que todas as expectativas e as exigências familiares estarão postas sobre ele. Os pais projectam nele suas próprias ilusões e, por vezes, lhe exigem dar o melhor de si, o que poderá fazer com que ele cresça com ideias de vencedor ou sofra os medos e erros dos pais.


O conceito de filho único, muitas vezes, está associado com a extrema protecção e com a má educação. O filho único tem a fama de ser o centro do universo, egoísta, caprichoso, mal-educado e rebelde e com dificuldades de adaptação para integrar-se num grupo. Tem algumas características como: apego excessivo aos pais, exigir atenção imediata, conviver excessivamente com adultos e qualidades como saber se entreter sozinho e viver uma carga menor de ansiedade, por não ter que disputar o espaço nem a atenção dos seus pais com outros irmãos.


O filho único terá sempre algumas características de personalidade peculiares relacionadas com a sua qualidade de filho único, mas o importante é que tenha espaço para crescer independente dos pais, que possa socializar e estar em contacto com outras crianças para conviver com pessoas de sua própria idade. Se os pais tiverem essa consciência e proporcionarem ao filho essa diversidade de experiências, sem confiná-lo ao convívio com os adultos, o filho único será tão feliz e saudável como qualquer outra criança.


O amor, o equilíbrio na educação, sem exageros de super protecção, num ambiente rico em estímulos e sentimentos positivos, com valores e regras, permitem um desenvolvimento saudável da criança e um crescimento com uma boa auto-estima, responsabilidade e abertura para o mundo.


Mariagrazia Marini Luwisch
Psicóloga Clínica Psicoterapeuta


 

 


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